7 de fevereiro de 2011

Exagero às alturas!

Bairro do Umarizal em primeiro plano
 Eu não sei se é só em Belém, mas aqui as pessoas têm uma certa mania de agourar grandes construções. Cansei de ouvir comentários a respeito dos edifícios Sun e Moon, ambos de 40 andares, os maiores da Amazônia ("vai cair"). E sobre o Shopping Boulevard? Idem. Sem contar os boatos de antigamente, sobre os outros shoppings existentes na cidade. Parece que este tipo de desenvolvimento assusta os papachibés (não que este seja o sinônimo do desenvolvimento crucial e sustentável, mas não deixa de ser uma forma de desenvolvimento que pode ser bom ou mal, como qualquer outro, dependendo de como seja executado), como se fosse algo extraordinário por aqui, e não pudesse ocorrer simplesmente porque estamos na "simples e cabocla Belém". Não é bem por aí... Assim como alguns, eu também quero ver minha cidade se desenvolvendo e mantendo as tradições. Não é regra apenas um destes elementos prevalecer, o desafio global deste século é justamente conseguir este equilíbrio e, ao meu ver, mesmo sendo tão problemática, Belém ainda consegue se manter como uma das cidades brasileiras com raízes e identidade fortes, onde se pode continuar morando num prédio luxuoso e gigantesco, tomando um açaí na tigela depois do almoço, se embalando numa rede na sacada.  
Na tarde do dia 29 de janeiro deste ano nossa cidade passou pelo lamentável desabamento do edifício Real Class, de cerca de 30 andares, que estava em construção no bairro de São Brás. Infelizmente deixou 3 mortos, mas talvez sirva como alerta e aviso para que os responsáveis, por esta e outras obras, tenham mais cautela e compromisso nos seus papeis. Em 1987 tivemos um episódio parecido, porém mais trágico, com o edifício Raimundo Farias, no bairro do Umarizal, também em construção. Em ambos os casos, não creio muito nas especulações que correm pelas bocas amadoras da cidade, de que o culpado seja o solo de Belém, mas sim falhas de construção e negligência às reclamações do "cidadão comum" aos "poderosos". O tal do acreditar cegamente que nada pode acontecer, e só depois pensar em resolver o que não foi prevenido metodicamente e que, porventura, alguém tenha alertado. A remove montanhas, contanto que não se passe por cima dos outros...


Diante de fatos trágicos como o ocorrido com o edifício Real Class, é comum o ser humano se revoltar e procurar de imediato culpados, acusando e julgando, sem pensar duas vezes, o cidadão que aparentemente seria o dono da maior parte da culpa. Fazemos isso como se fôssemos desprovidos de erros, esquecendo que tudo relacionado à atividade humana é suscetível a falhas, o que também não significa que não podemos acertar inúmeras vezes.
Às vezes fazemos tudo tão pacientemente, dotados de boas intenções, com a maior cautela do mundo e, mesmo assim, acaba dando errado. Quem nunca falhou depois de ter dado o melhor de si em um determinado objetivo e se afogou em angústias ao ver que a idealização não fora alcançada?
Longe de mim defender os responsáveis pela obra. A diferença entre o errar com boas intenções e o errar por negligência é o que faz, novamente, toda a diferença. Se moradores relatam falhas, denúncias, reclamações, e são simplesmente ignorados, como se não soubessem o que estão dizendo e não tendo seus argumentos sequer estudados, pois alguém se acha no direito de saber mais do que todos, é de se esperar que este indivíduo seja responsável pelas consequências do seu objetivo não alcançado.

Bairro do Reduto e espigões do Umarizal
E agora tem vereador querendo proibir a construção de prédios de mais de 20 andares por aqui... Desde quando a altura dos prédios é o maior problema? Como sempre, alguém querendo mudar alguma situação sem cortar o mal pela raiz (dessa vez um fato não inerente a Belém, mas presente em diversos episódios da história brasileira). O que deveriam fazer é exercer suas responsabilidades e fornecer o melhor ao consumidor, utilizando materiais de boa qualidade, maior detalhamento de análises de solo, ter alguém que fiscalize as obras, mais proteção aos operários... Até Manhattan era uma várzea, e olhem os prédios que existem ali hoje! A Engenharia, como qualquer profissão, é brilhante quando bem feita. Quando não, um prédio pode desabar, não importa quantos andares ele tenha... 

2 comentários:

  1. Meu querido amigo, parabéns pelo blog! Vamos ajudar o Brasil a conhecer um pouco mais de Belém, essa cidade tão única e acolhedora!

    Quanto à altura dos prédios, acho válido que a prefeitura considere a altura máxima no seu PDDU (plano diretor de desenvolvimento urbano), não pelo risco de desabamento (concordo com vc que o problema não seja a altura, mas a má qualidade dos projetos ou de suas execuções), mas para garantir a ventilação da cidade. Infelizmente, aqui em Salvador foi aprovado no PDDU a construção de prédios de até 12 andares na orla atlântica, o que deve prejudicar e muito a ventilação da cidade.

    Um grande abraço!

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  2. Lá o prédio dos meus pais na 1ª foto, hehehehe, a primeira torre de Belém com 30 andares...
    Incompetência ocorre do térreo ao arranha céu, tem que proibir serviço porco e não a construção de prédios altos. Se bem que chega de tanta verticalização (mas não pelo fato de caírem, e sim pela poluição visual e lotação de veículos), Belém tinha que crescer para os lados, e o mais chato é que não vejo pra onde. Talvez pontes para as ilhotas ao redor da cidade (se é que é viável), mas um profissional gabaritado daria conta de achar uma solução, basta investirem nisso com seriedade.

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