5 de fevereiro de 2011

1616 - 2011

Então...Belém nasceu, em 12 de janeiro de 1616. Em um ponto estratégico, segundo a literatura, mais alto do que as redondezas e perfeito para instalar uma fortificação, protegendo o território - então português -  da cobiça de outras nações. O nosso Forte do Presépio, vizinho da Casa das 11 Janelas, do Museu de Arte Sacra, da primeira rua de Belém (Siqueira Mendes, aquela do Palafita e do Açaí Biruta), da Ladeira do Castelo, da Catedral da Sé, do casario da Rua Padre Champagnat e da Praça Frei Caetano Brandão, onde já deves ter sentado para bater papo tomando um tacacá, comendo o vatapá paraense, ou apenas para abocanhar um destes lanches de rua que os nativos adoram, acompanhado de um guaraná Garoto. Enfim, lugar aprazível, sem dúvidas um dos meus favoritos na cidade, onde dá para sentir e se sentir em Belém.

Interior do Forte do Presépio
Pois bem... Sem entrar profundamente em detalhes históricos, Belém passou por algumas fases desde seu surgimento. A revolta da Cabanagem, entre 1835 e 1840, onde revoltosos populares, em sua maioria pobres que moravam em cabanas na beira dos rios (acho que algo semelhante com as palafitas que conhecemos, daí o nome "cabanagem", de "cabanos", morador das cabanas) entraram em confronto com o governo, reinvindicando melhorias de vida, já que eram marginalizados propositalmente por serem mestiços e índios. Depois tivemos a Belle Époque, entre 1870 e 1910, período em que a região amazônica foi a maior produtora de borracha do mundo, quando nossa Belém (assim como Manaus) virou o centro das atenções, mas dessa vez por coisas boas. Passou por uma intensa modernização, aos moldes da Europa, e como era a cidade amazônica mais próxima do mar, se beneficiou ainda mais com todas aquelas regalias, pois facilitava o escoamento do látex.
Nesta época um dos nossos herois foi Antônio Lemos, maranhense, que virou Intendente por aqui (como o cargo de um prefeito, atualmente) e precursor de quase tudo que Belém tem de admirável, se tratando de urbanização. Foi ele também quem encomendou as sementes das mangueiras e planejou a aborização, tão maltratada hoje em dia (um caso perfeito para se escrever sobre...), de nossas ruas. Mas nem só de infraestrutura vivia Belém. Com todo esse progresso, viramos também um centro cultural, e tínhamos uma população rica em réis e educação, porém alguns pontos também ditados por Lemos, como a proibição de se fazer "algazarra, dar gritos sem necessidade, apitar, fazer batuque e sambas (artigo 110)". Pelo visto os belenenses sempre gostaram de um barulho mesmo!

Patrimônio histórico mal conservado na Rua João Alfredo, Centro
Enfim... Época de riquezas, de modernização tendo Paris como modelo, de bom gosto, de famílias que mandavam filhos para estudar na Europa, de intelectuais reunidos no Bar do Parque.. Mas um dia tudo isso acabou, alguém (Malásia) foi mais esperto do que nós e a Amazônia voltou a ser esquecida, principalmente pelos brasileiros.
Hoje em dia podemos dizer que Belém vive a fase de "sem prefeito". Há anos não temos a sorte de eleger uma autoridade que realmente ande por nossas ruas, como um belenense, e tenha a sensibilidade de notar o que precisa ser feito. E não é pouco! Não dá para dizer que os problemas passam despercebidos, quem anda nas ruas os enxerga com facilidade, quem não anda, finge que vê, finge que está fazendo algo para melhorar, e nós fingimos que acreditamos.
Atualmente, Belém vive uma Cabanagem moderna. Só precisamos torcer para que esta "revolta" não termine sem que os cabanos do século XXI consigam atingir seus objetivos, como ocorreu com os do século XIX.

3 comentários:

  1. Adorei a proposta do blog, o nome então é um sarro!
    Espero que sirva de incentivo para que surjam mudanças positivas na cidade, porque Belém está necessitando de uma revitalização, de cuidados, boa educação e boa vontade! Adorei. Bru.

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  2. Cidade maravilhosa: Belém! Adoreiiiii! Vou divulgar o link no meu Facebook...! Bjs

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  3. Pelo visto, Salvador compartilha a mesma fase do "sem prefeito".

    Ah, que saudade do Guaraná Garoto...

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